quinta-feira, 28 de julho de 2011

'Aumento dos transportes colectivos é mais um factor de degradação da qualidade de vida dos utentes'

Comunicado: "Foi com preocupação que a Comissão de Utentes da Linha de Sintra (CULS) tomou conhecimento do anúncio, por parte do Governo, de um aumento dos transportes colectivos que chega a atingir 25% na Linha de Sintra, a partir de 1 de Agosto, apresentando-o como uma exigências da «troika».


A CULS não pode deixar de sublinhar que os portugueses já retiram do seu orçamento familiar mais de 14% só para transportes. Sabendo isso, a CULS não pode deixar denunciar esta medida por considerá-la lesiva para os utentes, já que, necessariamente, representará um agravamento acrescido no já parco orçamento das famílias.

E isto numa altura em que o Governo tem vindo a concretizar um conjunto de medidas (com a promessa de que outras virão a seguir), medidas essas que afectarão milhões de portugueses: redução de salários, congelamento das reformas, aumento generalizado de outros serviços públicos, a par da subida da inflação.

A CULS considera que esta medida do Governo revela uma falta de perspectiva social confrangedora na medida em que este aumento brutal, a somar ao que foi concretizado pelo anterior Governo em Janeiro, é um factor que afastará utentes dos transportes colectivos e os “empurrará” para o transporte individual com os inerentes efeitos maléficos em termos ambientais, económicos e sociais.

Numa altura em que deveria haver, por parte dos governantes, a preocupação de incentivarem a utilização dos transportes colectivos para a redução drástica da importação de consumíveis fosseis, o que iria permitir a redução do défice da balança comercial portuguesa e a redução do total de CO2 produzido e de que o nosso país é excedentário e que paga soma avultadas por isso.

É, por isso, que a CULS afirma que esta medida degrada a qualidade de vida dos utentes em todas as suas componentes fundamentais. O facto do Ministério da Tutela anunciar que irá ser implementado um passe social para os mais pobres não reduz esta nossa apreciação e leva-nos a recear que o seu objectivo vá no sentido de que os portugueses passem a andar com um atestado de pobreza para poderem beneficiar de serviços públicos a preços mais baixos, tal como acontecia antes do 25 de Abril.

Na nossa óptica os serviços públicos deverão ser utilizados de forma universal, devendo o seu orçamento ser colmatado com receitas do estado e que são obtidas através dos impostos de quem trabalha que já são cobrados de forma progressiva, de acordo com os seus rendimentos. O que falta é tributar os rendimentos de capitais como acontece com os rendimentos de trabalho, o que iria permitir o aumentar significativamente as receitas do estado.

O facto da factura das dificuldades recair naqueles que não contribuíram para a situação difícil porque passa o país, é prova que este governo tem uma perspectiva social incorrecta, levando assim que os utentes venham a protestar contra mais esta medida, em iniciativas organizadas pelas comissões de utentes de transportes colectivos.

2011.07.27" [Fonte: Comissão de Utentes da Linha de Sintra]

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