segunda-feira, 30 de junho de 2014

Projecto do Jumbo de Sintra que foi imposto à autarquia em consulta pública até quarta-feira



[Actualizado] Está em consulta pública até dia 2 de Julho, quarta-feira, o Relatório de Conformidade Ambiental do Projecto de Execução (RECAPE) do Centro Comercial Jumbo de Sintra, um empreendimento da Auchan Portugal Hipermercados, S.A., que foi imposto judicialmente à Câmara de Sintra. O projecto chegou a ser chumbado em 2008, mas depois de redesenhado acabou por obter uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável condicionada em Setembro de 2012.

A grande superfície será construída numa área adjacente ao IC 19, junto ao nó de Mem Martins, à EN 249 e a uma zona industrial, na fronteira entre a antiga freguesia de São Pedro de Penaferrim e Algueirão – Mem Martins. O centro comercial ocupará perto de 15 mil m2 de área bruta de construção, num terreno com 85 mil m2 que albergará um hipermercado (10 mil m2) com galeria comercial, armazéns e serviços de apoio. O empreendimento, que tem um prazo de construção de 18 meses, terá ainda um parque de estacionamento, com capacidade para 1440 lugares, 799 em parque coberto e 641 no exterior.

O desenho final (exterior) ainda não foi divulgado, mas estará a cargo da mesma empresa que desenhou o Sintra Retail Park. Devido à parcela em Reserva Ecológica Nacional (REN), o projecto teve de incluir a recuperação ambiental da Ribeira da Azenha, com a “criação de uma ciclovia adjacente à linha de água e um passeio pedonal complementar, e a criação mais a norte, junto do estacionamento exterior, de uma “escola infantil de condução”, lê-se no RECAPE.


Área junto ao IC19 onde o futuro centro comercial será construído

Projecto chumbado pelo Governo em 2008

O actual projecto é inferior em área ao que foi sujeito a Estudo de Impacto Ambiental (EIA) em 2008, data em que eram previstos 25 mil m2 de área bruta de construção, incluindo “lojas âncora e satélites e uma área de restauração”. Após a consulta pública que decorreu no início desse ano, o projecto foi chumbado pelo então secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, que em Junho emitiu um parecer desfavorável por considerar que o empreendimento colidia com a Rede Ecológica Metropolitana.

Apesar de inserido na categoria de “espaços industriais” no Plano Director Municipal (PDM), o governante salientava que o terreno está incluído nas “Áreas Vitais da Rede Ecológica Metropolitana” do Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa (PROTAML). “Tendo em consideração a singularidade do território e a necessidade da sua preservação, resulta que o centro comercial não poderá ser aprovado”, lê-se na Declaração de Impacto Ambiental de 6 de Junho de 2008.

Câmara indeferiu projecto mas perdeu em tribunal

Entre os percalços, encontram-se também vários da Câmara de Sintra durante os mandatos de Fernando Seara, porque a autarquia entendia que o empreendimento proposto não cumpria as normas, o que levou a empresa a recorrer à via judicial, nomeadamente junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Sintra. O Tudo sobre Sintra ainda não teve acesso ao processo judicial, mas sabe que a decisão final foi desfavorável à autarquia, porque o tribunal deu razão às alegações da empresa, que defendia que este tipo de empreendimento não carece de análise camarária.

Este desfecho foi confirmado pelo actual presidente na reunião pública de 22 de Abril, onde o assunto foi discutido. “Não foi vontade da câmara, que indeferiu o projecto, mas depois foi obrigada pelo tribunal a dar as licenças”, lamentou Basílio Horta. Apesar desta derrota judicial, a autarquia vai receber uma “doação” da Auchan Hipermercados, no valor de 500 mil euros, valor atribuído a título de compensação económico-social, mas em parte destinado a uma “escola infantil de condução” ou “escola de trânsito”.

Esta contrapartida não agrada à autarquia, que já admitiu que a tentará negociar.“É uma imposição do Ministério do Ambiente com a qual não concordamos, e vamos tentar minimizá-la por forma a que possam existir outras obras mais úteis”, explicou na mesma reunião a directora municipal de ambiente, planeamento e gestão do território, Ana Queiroz do Vale.

Já o vereador Pedro Ventura, lamentou este desfecho e reiterou a discordância da CDU com a “instalação de mais uma superfície comercial de grande dimensão numa área que já é bem servida” por este tipo de infra-estruturas, e onde “o pequeno comércio enfrenta dificuldades”. Apesar de insatisfeito, Basílio Horta salienta o lado positivo: “é um investimento de mais de 20 milhões de euros, que vai criar três centenas de postos de trabalho”. [ver aviso da União de Freguesias de Sintra e todos os documentos em consulta pública na página da CCDR-LVT] [notícia no Cidade Viva e na Rádio Ocidente]

© Luís Galrão/Tudo sobre Sintra

14 comentários:

  1. Mais um centro comercial?! Só podem estar a brincar!!

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  2. Quero ver como se entra em Mem-Martins , se esse acesso vai ficar entupido com o transito para o Jumbo

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  3. Acho muito bem, e aliás os preços praticados pelo Jumbo são extremamente competitivos em relação aos demais. Quanto ao fato de ser mais uma edificação não estou a ver qual é o problema, sempre é melhor do que construírem mais uns prédios nesse local que depois ninguém quer comprar...

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    1. é o fato de que qualidade? talvez terylene?

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    2. Não é o fato de terylene não senhor, é fato de acordo ortográfico, pois sou professora de português seu energúmeno!

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    3. É verdade você deve desconhecer mas segundo o acordo pode usar os dois termos, eu uso fato sem "c" você tem alguma coisa contra? Ah bom pensei...

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  4. Se é porque vão construir um hipermercado.. está mal. Se é porque está lá o circo e está tudo sujo.. está mal. Se é porque não existe lá nada, é porque está cheio de ervas daninhas... e está mal! Se é porque querem construir lá prédios... também está mal! O que vale é que não há nada que sirva os interesses ao tuga!
    Em vez de reclamarem, deviam ter em consideração o factor "postos de trabalho"! Hipermercado, galeria comercial...
    Depois quando se concretizar quero ver quantas das almas que criticam esta infraestrutura vão lá a correr entregar cv's...

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    1. + postos de trabalho? E os postos de trabalho que vão deixar de existir nas industrias em frente (aliás, nas traseiras) deste centro comercial?

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  5. No Público de hoje:

    «Ontem mesmo terminou a consulta pública do relatório de conformidade ambiental do projecto de execução do futuro centro comercial com a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável condicionada emitida em Setembro de 2012 pelo então secretário de Estado do Ambiente Pedro Afonso de Paulo. Esta declaração, que era imprescindível para a aprovação do complexo, foi proferida quatro anos depois de um outro secretário de Estado, Humberto Rosa, ter emitido uma outra DIA que impedia a construção.

    Nessa altura, Humberto Rosa entendeu que, além de contrariar as orientações do Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa (PROTAML), o projecto previa a ocupação de uma zona “estratégica para a estrutura ecológica municipal”, essencial para a “contenção do contínuo urbano”.

    Na DIA que emitiu depois de a Auchan ter pedido a reapreciação do processo, Pedro Paulo diz que “os desvios anteriormente assinalados” em relação às orientações estratégicas do PROTAML deixaram de se verificar face à revogação, por ele determinada dois meses antes, de um despacho de 2006, do antigo ministro do Ambiente Nunes Correia, que impunha a sujeição deste tipo de empreendimentos às “disposições contidas no PROTAML” .

    Nos termos do despacho revogatório, a revogação foi ordenada devido ao facto de ter sido decidido "rever as opções estratégicas da base territorial e actualizar o modelo terriorial consagrados no PROTAML" - tendo em conta que essas opções estavam "fortemente ancoradas e até condicionadas" por grandes investimentos como o novo aeroporto de Lisboa, a nova travessia do Tejo e o TGV, projectos estes que "não são de imediata concretização".»

    Ver artigo em www.publico.pt/local/noticia/ic-19-vai-ter-mais-um-hipermercado-as-portas-de-sintra-1661400

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  6. Já chega de superfícies comerciais! Queremos espaços verdes! Um lugar para passear, para momentos de lazer, momentos de família. Já viram a quantidade de carrinhos de bebé e crianças a passear nos shoppings com os pais?! É absurdo, isto não é qualidade de vida. Se o Jumbo levou isto para outras instâncias, a câmara de sintra também devia fazê-lo. Sintra está cada vez mais "cinzenta" e menos verde....

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    1. Estive a tentar perceber porque vão as pessoas espairecer para o Forum Sintra em vez de para outros locais de Mem Martins. O problema é que não há mesmo para onde ir, em Mem Martins. No centro de Mem Martins, nem passeios suficientes para os peões existem. A zona de lazer de Ouressa é pequena, periférica, e relativamente isolada, insegura. Quem quiser sair de casa e estar um pouco a espairecer com os mais velhos e mais novos vai até onde? Onde podem os miúdos estar um pouco em liberdade, com segurança, onde existe lugar para estacionar, espaço para nos sentarmos com os pais e beber e conversar um pouco, fora de casa? É esse o segredo dos centros comerciais; o negócio vem atrás.

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  7. tanta conversa e ninguém sabe quando é que abre eu espero que abra brevemente pois os preços são os mais baratos

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  8. Adriano
    Não tem qualquer logica, sendo uma zona que tem Supermercados até dizer chega, eles comem-se uns aos outros.

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