Três décadas depois, o agora professor da Faculdade de Ciências lamenta o estado de abandono do local. "Na altura não havia muitas, foi a terceira grande jazida a ser descoberta, depois das mais antigas do Cabo Mondego e das do Cabo Espichel. Foi uma satisfação muito grande para um aluno que tinha bastante interesse em paleontologia. Actualmente faltam acessos e informação. Podia estar indicado através da estrada de Almoçageme, porque nem toda a gente conseguiria subir a escadaria (se ela estivesse aberta)", sugere.
Segundo José Madeira, o problema principal não são as lajes que albergam as 66 pegadas de dinossauros, mas sim as outras camadas. "A jazida em si não terá grandes problemas, mas sim as camadas superiores, devido a algumas derrocadas que degradaram as escadas. Creio que não é necessária uma grande intervenção. Bastaria limpar as escadas, instalar corrimões e uma protecção no promontório em frente, onde se faria um posto de observação com informação em placards".
Aspecto das placas de interdição em 2008 © Luís Galrão
Até há quatro anos, o espaço foi visitado por centenas de alunos, mas entretanto a escadaria foi interditada pela Câmara e pela Protecção Civil de Sintra. "Eu próprio ia todos os anos com as minhas turmas na cadeira de Geologia de Campo até terem reduzido o horário da cadeira", revela o professor. A Protecção Civil recusou prestar qualquer esclarecimento, remetendo essa responsabilidade para a Câmara de Sintra, entidade que ainda não respondeu ao Tudo sobre Sintra. Autarca de Colares diz-se "triste e envergonhado"
A Junta de Freguesia de Colares sente-se envergonhada com a situação. “Uma das minhas preocupações é a orla costeira, onde só vejo pedras a cair. As escadinhas da Praia Grande estão interditadas há mais de quatro anos porque representam um perigo. É triste e é uma situação que me envergonha e revolta! Apesar disso, sei que há pescadores que arriscam e passam por ali. Antigamente era um acesso por onde passavam os miúdos que vinham para as colónias balneares na zona de Almoçageme e a própria população”, conta o autarca Rui Santos.
A denúncia sobre o estado de degradação do local foi feita numa visita da Comissão de Protecção Civil da Assembleia Municipal, a quem o presidente da Junta pediu ajuda. "Recebo reclamações constantemente. Isso preocupa-me e devia preocupar as entidades que estão acima de mim. Venham ter comigo que eu mostro-lhes os problemas", desabafa.
Aspecto das placas de interdição em 2011 © Luís Galrão
Rui Santos recorda a última intervenção no local: “o Parque Natural Sintra-Cascais (PNSC) e a Protecção Civil chegaram a vir cá com uma máquina giratória deitar algumas pedras abaixo, mas felizmente pararam, pois temia de afectassem as pegadas”, conta. Em 2003, Câmara e Parque investiram 15 mil euros na recuperação da escadaria. Posteriormente, o PNSC realizou estudos de estabilização das arribas e as respectivas candidaturas, processo que ainda não saiu do papel devido à mudança de competências para a Administração da Região Hidrográfica do Tejo, entidade que ainda não respondeu ao Tudo sobre Sintra.© Luís Galrão/TudosobreSintra
Vídeo: Junta de freguesia denuncia problemas no litoral de Colares
Como é que as pegadas se conservaram durante tanto tempo?
ResponderEliminarSe possível, respondam ainda hoje.
Obrigado
As pegadas são preservadas dependendo da natureza do substrato e do sedimento que as cobrir. O sedimento que cobrir a pegada deve ser maleável e resistente e deve ter composição diferente do sedimento do substrato, gerando uma descontinuidade litológica. Isto facilita, com a ação posterior da erosão, a preservação da própria pegada ou de seu molde. Sedimentos finos (areias, siltes e argilas) e preferencialmente úmidos preservam melhor as características anatômicas dos pés que os pisam e facilitam o reconhecimento das pegadas. In http://paleontologiauesb2009.blogspot.com/2011/08/questoes-para-aprofundamento-prazo-de.html
ResponderEliminarObrigado pelo esclarecimento, foi muito útil ;)
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