terça-feira, 1 de abril de 2014

“Apagão” de 85% da iluminação pública na Hora do Planeta alvo críticas nas redes sociais


Aspecto da baixa da cidade de Agualva-Cacém durante o "apagão".

[Actualizado] A participação do município de Sintra na iniciativa Hora do Planeta, realizada no último sábado, foi alvo de algumas críticas nas redes sociais e não cumpriu as recomendações da organização não governamental promotora, a WWF. “O cenário apocalíptico”, como foi descrito num dos vários comentários ao "apagão" de 85% da iluminação pública, terá sido caso único no país, segundo a porta-voz da WWF Portugal, que não foi consultada sobre este tipo de participação. “A WWF limita-se a registar a adesão das cidades a esta iniciativa global”, explica Ângela Morgado.

Questionada sobre se existem directrizes em termos de segurança pública e segurança rodoviária, esta responsável diz que “a WWF recomenda que se vá para além da hora em comportamentos mais sustentáveis, durante a Hora do Planeta, que é um momento simbólico” mas que “são as cidades e quem está por detrás das celebrações que deve garantir estas questões”.

No entanto, nas páginas internacionais da WWF [também disponível em inglês] fica claro que “a Hora do Planeta não é um blackout (apagão), só pede às pessoas para desligar as luzes não essenciais por uma hora, não luzes que afectem a segurança pública”. O habitual, esclarece a WWF, é ver a iluminação desligada em edifícios públicos e privados, monumentos emblemáticos ou em grandes áreas de negócios. A Parques de Sintra, por exemplo, desligou a iluminação dos Palácios da Pena, de Sintra e de Monserrate, e também o Castelo de Mouros, e em Lisboa ficaram às escuras a Torre de Belém, o Padrão das Descobertas e o Mosteiro dos Jerónimos, assim como o Santuário do Cristo Rei e da Ponte 25 de Abril.

Numa lista de perguntas e respostas sobre a iniciativa, a WWF reforça que “existem algumas luzes não devem ser desligadas, incluindo luzes de segurança em espaços públicos, luzes de orientação da aviação, semáforos, luzes de segurança”, entre outros, apelando a que seja usado “o bom senso”. “Antes de desligar todas as luzes para espaços públicos, a Hora do Planeta recomenda que verifique com as autoridades locais ou centros comunitários. A Hora do Planeta quer que todos sejam absolutamente seguros e nunca desligar luzes que possa comprometer a segurança de qualquer indivíduo ou espaço público ou privado”.

Questionado sobre eventuais problemas de segurança, o presidente da câmara assume que o IC19 manteve a iluminação acesa, “porque era perigoso” desligá-la, mas disse desconhecer se foram pedidos pareceres às várias entidades de protecção civil. Basílio Horta diz também desconhecer eventuais queixas, excepto a sua. “Eu é que tive uma certa queixa, porque ia para um concerto em Queluz quando apagaram as luzes todas e ia caindo. Mas não me queixo. A iniciativa é um símbolo de solidariedade de municípios que prezam o ambiente”, diz.

Numa primeira resposta, entretanto apagada, a um comentário crítico publicado no Facebook do município, uma funcionária da autarquia dizia que várias autoridades "foram informadas e deram o seu aval", mas em resposta escrita ao Tudo sobre Sintra, a câmara esclarece que não foi pedido qualquer parecer às forças policiais ou aos bombeiros, limitando-se a autarquia a “informar as devidas autoridades”, às quais não solicitou qualquer dispositivo especial durante o "apagão" de 60 minutos. A edilidade diz ainda que a Protecção Civil não recebeu queixas nem registou ocorrências relacionas com a iniciativa, o mesmo acontecendo com outras autoridades, que informaram não ter qualquer registo.

[Actualização] Pouco depois da primeira publicação deste texto, a Divisão de Sintra da PSP informou o Tudo sobre Sintra que além de ter sido informada através da Protecção Civil de Sintra, “foi chamada a pronunciar-se antecipadamente, através de contacto directo com a vereadora Paula Neves, tendo sido transmitido que não existia qualquer inconveniente nesta iniciativa”, esclarece o comandante Hugo Palma.

Quanto ao período do “apagão”, a PSP diz que não definiu qualquer reforço adicional, mas admite ter tomado acções preventivas. “Foi dado conhecimento a todos os elementos policiais e transmitidas instruções ao dispositivo em serviço para, durante o período em apreço, permanecer em locais de elevada visibilidade , concentrando nas artérias com maior número de estabelecimentos comerciais as suas acções de patrulhamento, apenas como acção preventiva”, explica Hugo Palma.

A PSP esclarece, ainda, que “não assinalou durante aquele período qualquer ocorrência significativa ou acidente que possa estar, mesmo que indirectamente, relacionado com o corte temporário da iluminação pública”, tendo apenas recebido “duas chamadas de cidadãos preocupados como o corte na iluminação, o que se devia aparentemente ao desconhecimento da iniciativa.”

© Luís Galrão/Tudo sobre Sintra [Texto e foto/reprodução proibida em publicações periódicas]

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