terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Utentes dos transportes públicos queixam-se de "ataque aos direitos"

Na sequência do anunciado aumento do preço dos transportes, a Comissão de Utentes da Linha de Sintra e a Comissão de Utentes da Mobilidade do Concelho de Sintra, elaboraram uma nota de imprensa conjunta, denunciando "o ataque ao serviço público de transportes".

Comunicado: "Reduzir, encarecer, privatizar: o governo ataca mais uma vez o serviço público de transportes, acentua o roubo aos milhões de utentes destes serviços, nega o direito à mobilidade e favorece os grandes grupos económicos que operam neste sector.

Acresce a esta situação dos aumentos do preço dos transportes a simultaneidade com outros cortes verificados na saúde, nas energias, nas telecomunicações, bem como os cortes nos subsídios de Natal e Férias e nos próprios salários. A acrescentar a toda esta panóplia de ataques desenfreados ao orçamento familiar, os portugueses são o povo da UE com os salários mínimo e médios mais baixos, o que se repercute de forma muito negativa na sua qualidade de vida.

A Comissão de Utentes da Linha de Sintra e a Comissão de Utentes da Mobilidade e Transportes de Sintra exigem uma política que:
1. Liberte as empresas públicas do estrangulamento das dívidas à banca (criada por vinte anos de transferência para a dívida das Empresas do investimento nacional em infraestruturas e equipamentos);
2. Atraia mais utentes para o serviço público de transportes, adequando-os às alterações demográficas, reduzindo as tarifas, alargando a amplitude dos passes sociais, respeitando os direitos dos trabalhadores.

Em 2011 os preços subiram duas vezes, 4,5% e 15% (com tarifas que aumentaram até 25%). Depois o Governo acabou com o passe 4-18 e sub-23, penalizando os estudantes de uma forma inaceitável. Agora, o governo mente quando diz que a partir do dia 1 de Fevereiro o aumento dos preços será de 5%. Tal como em outras ocasiões, estamos perante uma habilidosa manipulação estatística para esconder que, para a maioria dos utilizadores, a subida dos preços dos passes sociais será bastante superior, sendo também muito prejudicados os jovens e os reformados.

Vejamos as seguintes situações, que sendo de Lisboa, afectam seriamente a vida de todos os munícipes em Sintra:


Em Sintra, apontamos o seguinte agravamento:
- Imposição de novos títulos de transporte, muito mais caros, aos utentes a quem são retirados os atuais transportes.
- Aumento dos transbordos, que na maioria das situações implicam mais que um título ou títulos mais caros, nomeadamente para os utilizadores ocasionais.
- Os anunciados despedimentos dos trabalhadores será um factor acrescido da degradação deste indispensável serviço. Recordamos que a CP era há 15 anos a empresa que tinha menos trabalhadores por quilómetro de via.

Mas este aumento, agora apontado para Fevereiro, é só o terceiro registado no espaço de um ano. Tendo por base, os preços praticados em Dezembro de 2010 e os aumentos verificados em Janeiro de 2011 e em Agosto de 2011, chegamos à conclusão que em pouco mais de 12 meses, se verificou o maior aumento do preço dos transportes públicos de sempre.

O Governo pretende ainda avançar com mais significativas reduções de serviços prestados pelas empresas públicas. A luta dos trabalhadores e das populações, as posições assumidas pelo poder local, impediram que algumas das barbaridades propostas nos últimos meses fossem por diante. Contudo, o sentido das medidas agora anunciadas - com a redução e supressão de serviços agravando as condições de mobilidade de milhões de utentes – é o mesmo que estava previsto anteriormente, e por isso o nosso caminho é o da resistência perante mais este grave ataque aos direitos dos utentes e dos trabalhadores.

Esta política que tem em mente a privatização tem levado ao depauperamento das contas públicas. Em 2011, um total de 4 milhões, 140 mil euros que deveriam ter sido entregues às empresas públicas foram entregues às empresas privadas. Entre 2008 e 2011 quase 20 milhões de euros foram desviados das empresas públicas para os grupos económicos.

Face aos aumentos e às alterações anunciadas pelo governo e às suas consequências para os utentes e trabalhadores a Comissão de Utentes da Linha de Sintra e a Comissão de Utentes para a Mobilidade do Concelho de Sintra, manifesta-se totalmente contra as mesmas exortando as populações a manifestarem idêntica posição ora promovendo acções de protesto e indignação, ora participando nas mesmas, porque só assim será possível pôr cobro a medidas tão graves e injustas que, sistematicamente, recaem sobre a maioria dos portugueses e portuguesas.

Sintra, 30 de Janeiro de 2012"

2 comentários:

  1. Não há dúvidas que o mundo Europeu, está dividido entre o Povo (da classe média abaixo)e os monopólios que integram os decisores diretos da "reestruturação do Euro".
    Não é preciso ser-se um analista político para se chegar à conclusão que o "espírito de Hitler"
    encarnou-se na Chanceler alemã e não só...porque me parece existir "tentáculos" em Portugal.
    Nunca é demais recordar que foi a demedida ambição do Poder, que originou a 2ª Guerra mundial! E para onde caminhamos agora?

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  2. OPINAR...POR OPINAR ·


    ATENTADO AOS DIREITOS DOS CIDADÃOS

    As condições impostas pela TROIKA, para efetuar empréstimos aos governos em situação de grave crise económica, em minha opinião, reflete-se em exagero desmedido, sem a mínima acuidade pela manutênção básica de sobrevivência das classes sociais mais vulneráveis, constituindo-se num grosseiro atentado aos direitos dos cidadãos.

    A par desta grosseira agressão dos novos mandatários Europeus, acresce (como se ainda pouco fosse) a insensibilidade de alguns Governos, inclusivé Português, em respeitar as mínimas observâncias de justiça social.

    A montante de toda esta injustiça legalizada pela força política e não só, o cidadão tem vindo a perder paulatinamente os seus direitos sociais conquistados na Revolução dos Cravos.

    Não pretendo desvalorizar o esforço necessário à implementação das medidas económicas necessárias ao equilíbrio financeiro do País, por forma a estabelecer uma nova figura de um País atraente para os investidores internacionais.
    Não pretendo insinuar má governação atual, pretendo isso sim, denunciar os perigosos desequilíbrios sociais, penalizando cada vez mais as classes sociais mais vulneráveis, atirando-as para o abismo da pobreza sem fim à vista.

    Sem fim à vista, porque não creio que algum dia, mesmo com a economia equilibrada ou como soe dizer-se de "vento em pôpa", se inicie um processo de restabelecimento ou reposição das conquistas sociais alcançadas pelos portugueses.

    Entre muitas medidas exageradas de caráter social, a meu ver, os setores da saúde, educação e transportes públicos, são os que mais penalizam o cidadão.
    Na saúde, nunca deveriam ter sido implementadas medidas de austeridade e nos transportes públicos, as medidas são bastante gravosas.

    Com o aumento substancial do IRS e IVA, deveria ter havido uma contrapartida atenuante na saúde, educação e transportes, por forma a minimizar esses efeitos pesados na bolsa de qualquer cidadão comum.

    Também é certo e sabido, que se tivesse havido melhor gestão dos recursos financeiros do País, a crise seria com menos intensidade, ou seja, se os Políticos tivessem gasto menos dinheiro do que aquele que cobram dos impostos ou daquele que alguma vez poderão cobrar e não deperdiçassem uma grande fatia desse dinheiro arrecadado, de certo não estaríamos em pré-falência.

    Mas...o que lá vai, lá vai - embora acredito que ainda haja desperdício de dinheiros, que poderão evitar a austeridade na saúde e transportes públicos, como a recapitalização de alguns Bancos, entre outros.

    É ridículamente imoral pedirem aos cidadãos comuns que pagam impostos, pagarem os erros constantes de uma governação descuidada.

    Esta governação poderia ser mais positiva, se tivessem o "tato" ou sensibilidade de contornar as gravosas medidas de austeridade na área social.
    Afinal...é só uma opinião!

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