quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Agualva sem mesa na assembleia de freguesia



Os autarcas de Agualva não conseguiram eleger ontem uma nova mesa para a assembleia de freguesia. Na reunião extraordinária, presidida por uma mesa ad hoc, não houve acordo quanto aos três nomes propostos pela Coligação Mais Sintra (PSD e CDS-PP), que viu a lista proposta rejeitada duas vezes por 12 votos contra seis.


A situação decorre da demissão da mesa anterior na sequência da divulgação de uma carta em que um empreiteiro denunciou alegadas irregularidades por parte do executivo da Junta de Freguesia de Agualva, da mesma cor política. No documento a que o Tudo sobre Sintra teve acesso, são facturados à autarquia despesas pagas pelo empreiteiro, como um jantar no valor de 380 euros, porta-chaves para oferta, a colocação de painéis durante as autárquicas de 2009, entre outros.

O mesmo empreiteiro explica que estas despesas deveriam ser "como habitual, facturadas como calçada nos contratos com a junta", alegação que originou a renúncia de seis elementos da Coligação Mais Sintra com assento na assembleia de freguesia (incluindo a mesa) e a demissão de um elemento independente (eleito na lista da Coligação) do cargo de vogal do executivo.

Oposição pede demissão do executivo

Para a oposição, as alegadas irregularidades e a renúncia de seis eleitos, acrescida ao clima de "abandalhamanto", deverão resultar numa demissão do executivo. "A Coligação está ferida de morte, não tem credibilidade, é altura de dar palavra aos agualvenses", defendeu João Castanho do PS. Para outro socialista, Filipe Barroso, "a situação é lamentável e a freguesia está abandalhada, pelo que seria um acto de nobreza o presidente demitir-se".

Também Pina Gonçalves, da CDU, considera que "a maioria não tem condições nem manifesta interesse em gerir freguesia" e lamenta as "situações nada claras em que o executivo está envolvido". O BE, por seu lado, lembrou que o executivo não conseguiu ver aprovadas as contas de 2010 e está a gerir a autarquia sem orçamento de 2011. Para Teodósio Alcobia, as alegadas irregularidades devem ser analisas pelos tribunais (na sequência de denúncias do BE e do PS), mas há ilações políticas a tirar, nomeadamente devolvendo "a palavra aos fregueses".

O presidente Rui Castelhano não respondeu às críticas, mas em declarações recentes à agência Lusa classificou as acusações como "uma calúnia" e assegurou que irá agir judicialmente contra o empreiteiro. Quanto à assembleia de freguesia, a solução encontrada já depois da meia-noite passará por uma reunião de líderes nos próximos dias. Até lá, não existe formalmente mesa da assembleia de freguesia, e o executivo está a funcionar com menos um elemento, dado que foi incapaz de apresentar um nome para votação, embora esse ponto estivesse incluído na ordem de trabalhos.

Luís Galrão/Tudo sobre Sintra (texto e foto)

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