O presidente da Câmara de Sintra diz desconhecer a descarga poluente ocorrida no último sábado na praia do Magoito, mas promete investigar a denúncia feita nas redes sociais e reforçada ontem na Assembleia Municipal. “Desconhecia completamente, mas vamos ver o que se passou. Acho espantoso que tenha sido uma descarga da própria ETAR [estação de tratamento de águas residuais], mas vamos investigar imediatamente, porque é intolerável. Ou foi acidente, ou é completamente intolerável”, disse Basílio Horta em resposta a uma deputada municipal do PSD.
Filipa Guimarães, "moradora no Magoito e praticante de bodyboard há 20 anos”, pediu à câmara para apurar o sucedido e prevenir situações do género. “Houve uma descarga da ETAR e existem filmes e denunciar a situação. Fiquei estupefacta. Deixa-me completamente triste, numa freguesia que vai receber fundos europeus, onde se fala de sensibilidade, património e ecologia, todos estes chavões tão importantes para o cumprimento da Agenda 21, que agora se faça estas descargas à descarada”, lamentou a deputada municipal, que atribuiu responsabilidades à ETAR do Magoito.
O vídeo a que se refere foi divulgado ainda no sábado através do Facebook e entretanto partilhado em vários locais. Mostra o que parece ser uma descarga poluente de águas negras que enchem por momentos a pequena Ribeira da Mata que desagua na praia e que tem a poucas dezenas de metros a ETAR dos Serviços Municipalizados de Àgua e Saneamento de Sintra (SMAS) que trata os esgotos de mais de cinco mil habitantes da zona do Magoito.
Em declarações ao Tudo sobre Sintra, o presidente da União das Freguesias de São João das Lampas e Terrugem desvalorizou o problema, atribuindo a situação ao mau tempo. “Ligaram-me e fui logo lá ver. Foi uma coisa momentânea de três ou quatro minutos e passado um bocado já havia pessoas na praia e não se notava absolutamente nada. Desta vez não foi nada de alarmante e quero não acreditar que tenha sido algum empregado do SMAS que o tenha feito”.
Guilherme Ponce de Leão salienta que não está a defender os SMAS e justifica a situação com a forma como estão ligados os sistemas colectores. “Sou muito crítico em relação à actuação geral dos SMAS, mas neste caso sei que após grandes cargas de água, as águas vão todas ter à ETAR, porque a maioria dos [colectores] pluviais do Magoito estão ligados aos esgotos e o volume de água é enorme”. Na segunda-feira, o Tudo sobre Sintra perguntou aos SMAS se havia registo de alguma ocorrência na ETAR, mas ainda não obteve resposta. [Foto e vídeo de Sofia Morgado]
© Luís Galrão/Tudo sobre Sintra
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